quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Revolução cor-de-rosa: cresce o número de mulheres na construção civil

A Relação Anual de Informações Sociais (Rais) mostra que, em 2000, havia pouco mais de 83 mil mulheres na construção. Em 2008, esse número aumentou para 138 mil. E, só no primeiro bimestre deste ano, 5.258 delas conseguiram um emprego no setor. Apesar de ainda representarem cerca 7,2% do total de trabalhadores em obras, elas se destacam principalmente pela qualidade do serviço que realizam. Mais cuidadosas , as mulheres são, em geral, também mais organizadas e têm uma preocupação em evitar desperdícios.
Além disso, em tempos de escassez de mão de obra qualificada, elas têm investido na capacitação. Se antes atuavam na construção civil apenas como engenheiras, hoje, colocam a mão na massa. Exercem funções como pedreiras, ajudantes, carpinteiras, azuleijistas, eletricistas e encanadoras. Isso pode soar tão estranho, que até o corretor ortográfico do computador não reconhece algumas dessas palavras no feminino.
O avanço tecnológico, que introduziu novas técnicas de produção, ajudou a reduzir parte do trabalho pesado, e findou por incentivar essa presença das mulheres. Mas, ela é, principalmente, reflexo de uma mudança de paradigma. “É um resultado da força e determinação da mulher de buscar espaço no mercado, independentemente de ser um trabalho leve ou pesado. Muitas mulheres hoje são chefes de família e o setor da construção civil se abre para elas”, diz Luís de Queiroz, da Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores da Construção e da Madeira (Conticom).

Ele também aponta que políticas de governo estão incentivando essa “invasão feminina”. Um exemplo está no município de São Bernardo do Campo (SP), onde a prefeitura e a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres lançaram, no mês passado, o programa Mulheres Construindo Autonomia. O projeto formará 240 mulheres em situação de vulnerabilidade social para atuar na área da construção civil.

Em Salvador (BA), das mais de mil vagas oferecidas pela ACAFAG  - Associação de Apoio Comunitário dos Filhos e Amigos da Fazenda Grande II para os cursos de pedreiro / azulejista, pedreiro/gesseiro, pedreiro/ reparador, pedreiro/pintor, encanador / eletricista, carpinteiro/ armador e almoxarife, 89% são preenchidas por mulheres.  O projeto faz parte do programa de  Formação Profissional do PLANSEQ Bolsa Família – Governo Federal, SETAD - Secretaria Municipal do Trabalho, Assistência Social e Direitos do Cidadão e da ACAFAG e integra o projeto MTE/PLANSEQ Nacional da Construção Civil – Aprender para se Desenvolver.

Segundo o coordenador da ACAFAG, Marcus Superbus, as mulheres trabalham  melhor que os homens não só pelo motivo de serem mais aplicadas, mas por acreditarem que através daquele emprego poderão mudar completamente as suas histórias de vida. “ Uma mulher no mercado de trabalho da construção civil vale por três homens. Porque elas se dedicam mais, respeitam a hierarquia e são mais econômicas. Enquanto não acabar o preconceito de que as mulheres só servem para procriar, o mercado vai continuar com escassez de mão-de-obra”, diz Marcus Superbus.



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